quarta-feira, 23 de março de 2011

A gaita milagrosa

Mais uma divertida história que ouvimos e dramatizámos com a ajuda da professora Catarina Gorgulho. Vamos treinar mais, para dia 7 de Abril a podermos apresentar às outras turmas da escola. Vamos  ver como vai correr! Se todos se empenharem  de certeza que vai correr bem, pois é preciso a participação de todos. 

              Ilustração de Maria Keil

A gaita milagrosa
 
Havia numa terra um indivíduo que possuía uma gaita que tinha a virtude de fazer bailar os ouvintes quando tocava. De uma ocasião passava um sujeito com um burro carregado de loiça e o dono da gaita pôs-se a tocá-la.
Tanto o dono do burro como este puseram-se logo a bailar e com tantos saltos que em pouco tempo toda a loiça se fez em cacos.
Gritava o dono da loiça ao tocador da gaita que não tocasse, mas este só tirou a gaita dos lábios quando não havia uma só peça de loiça inteira. Exasperado, o pobre homem foi queixar-se ao juiz do tocador e este foi chamado à sua presença.
- És acusado de ter quebrado a loiça deste homem - disse o juiz ao gaiteiro.
- Eu não sou culpado. Toquei a minha gaita e esse senhor e o seu burro puseram-se a dançar.
- Tens contigo a gaita?
- Tenho.
-Toca - ordenou o juiz, sentado na sua poltrona.
O gaiteiro tirou a gaita do bolso e pôs-se a tocar. O dono da loiça, que a esse tempo estava encostado a uma cadeira, pegou na cadeira e pôs-se a bailar com esta. O juiz, começou a pular, batendo com os dedos na tampa à maneira de castanholas. A mãe do juiz, que estava entravada na cama num quarto próximo, levanta-se imediatamente, bailando, batendo as palmas e cantando:
 
Vá de folia
Vá de folia
Que há sete anos
Me não mexia.
 
E assim se converteu o tribunal numa animada sala de baile, pois que até as cadeiras, os tinteiros e todos os mais móveis se puseram a saltar e a bailar.
Passados alguns momentos pediu o juiz ao tocador que cessasse de tocar a gaita e o homem obedeceu imediatamente, pois viu que tanto o dono da loiça como o juiz e a mãe suavam em abundância.
Depois do juiz limpar o suor disse para o tocador:
- Pode-se ir embora sem culpa nem pena, porque é um homem bom que até curou a minha mãe, que há muitos anos se não podia mexer na cama.
E o tocador saiu da presença do juiz muito contente e satisfeito. Não diz a história se a mãe do juiz voltou para a cama.
  
 FIM

de Ataíde Oliveira
                                                                     do livro Contos Tradicionais Portugueses

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